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Sei que muitas pessoas me criticarão pela opinião emitida neste artigo, porém, tenho que ser coerente. Coerência, uma das virtudes que mais admiro. E por que enfatizo isto? Por um motivo simples: como carioca, optei por residir fora do Rio desde meus 25 anos de idade, em busca de oportunidade profissional. Porém, nunca rompi laços com a cidade em que nasci, por motivos óbvios: a maioria da minha família é do Rio. Visitas sempre foram constantes, assim como o amor pela cidade e pelo Vasco, infinito e permanente, sempre crescente.

Porém, conhecer outros lugares, conviver com outras sociedades, outras realidades, só me fez confirmar o que já suspeitava, que o Vasco da Gama é um clube de abrangência nacional e internacional. E como tal deve ser encarado. Dói demais perceber que as administrações do clube não dão importância a este fato. Mas nunca me separei do Vasco, desde 1963 quando ganhei minha carteira de Sócio Patrimonial oferecida por meu saudoso e querido avô (título que, graças às más administrações do clube acabei perdendo – hoje sou sócio geral).

Por que sinto a dor da incompreensão, no fundo do coração?

Porque as administrações do clube (e a atual me parece reincidente, pois já desprezava os sócios e torcedores e retorna demonstrando o mesmo sentimento de então), insistem em desconsiderar o amor dos torcedores. Acho engraçado (para não dizer sofrido) que os dirigentes usem o peso da torcida quando tentam negociar contratos de publicidade, material esportivo, e exposição na mídia, mas não reconheçam sua importância quando se trata de prestar contas e trabalhar por ela.

O uso da massa como munição para ganhar a guerra do patrocínio é de extrema relevância para a administração do clube e é uma munição gratuita. Quantas empresas sonham em ter um cliente cativo como o torcedor de futebol? Use a cabeça: imagine um cliente que nunca troca de produto e que não cai em nenhuma artimanha do concorrente. Um sonho, não? Qualquer empresa empenharia seus maiores esforços para mantê-lo feliz e satisfeito. Certo?

Não no futebol. No Brasil esse cliente é maltratado e considerado um artigo de segunda linha. O transporte para os estádios é ruim, a segurança é ruim, a orientação é ruim, os calendários são mal elaborados, os planos de sócio são ruins (quando estão disponíveis), o respeito é ruim (apesar de dizerem que ele voltou...). Por fim, parece que o torcedor brasileiro se acostumou a ocupar lugar de figurante no espetáculo que ele sustenta. País do futebol, não do torcedor!

Existe alternativa de reverter esse sentimento e esta situação?

Aí voltamos ao início do papo. Lembram quando falei da importância do Vasco em todo território nacional? Pois é, sigam o raciocínio: o estado do Rio de Janeiro tem cerca de 16,6 milhões de habitantes, sendo aproximadamente 13 milhões na cidade do Rio e adjacências (segundo última informação do IBGE). Por outro lado, as últimas pesquisas sobre o tamanho das torcidas de futebol (questionáveis, porém é o que temos), dizem que o Vasco tem 7,2 milhões de torcedores no Brasil, ou 10 milhões. Alguns entendidos falam em 15 milhões e outros, mais otimistas, 20 milhões. Eliminando os extremos, vamos considerar 10 milhões, para não dizerem que estamos puxando a brasa para nossa sardinha.

Uma pesquisa chegou à conclusão de que dos 200 milhões de habitantes do Brasil, 46,8 milhões (23,4%) não torcem para time nenhum. Sobram 153,2 milhões de torcedores para distribuir entre todos os clubes. O Flamengo (conforme pesquisa) possui 48,2% de torcedores no estado do Rio, ou seja, se supusermos que dos 16,6 milhões de habitantes, 3,8 milhões não possuem time, sobram 12,8 milhões, sendo que 6,2 milhões são flamenguistas. Assim, sobram 6,6 milhões de pessoas que torcem para os demais clubes. Considerando que o Vasco tenha 60% do restante (3,9 milhões) e que sobrem 2,7 milhões de torcedores do estado do Rio para dividir entre Botafogo, Fluminense, demais clubes do Rio e do resto do Brasil, a conclusão é que os demais torcedores do Vasco (6,1 milhões) estão distribuídos pelo resto do Brasil.

Claro que este é um exercício mental que usa dados aproximados de pesquisas por amostragem, porém, me parece que mesmo que haja erro e que se possa contestar os números, o raciocínio que pedi que acompanhassem, não é uma abstração sem lógica ou coerência. Ele serve para demonstrar que existem muitos (muitos mesmo) torcedores do Club de Regatas Vasco da Gama que residem fora da região geográfica do estado do Rio de Janeiro (arrisco dizer que mais de 60%).

Se você, vascaino, acredita ou simpatiza com meu raciocínio, vale à pena ter esta multidão ao lado do clube? E o que o clube tem feito para atrair esse universo cativo de apaixonados? Vender camisas é muito pouco... E para os milhões que residem no Rio?

Lembram quando disse no início do artigo, que foi muito importante conhecer o verdadeiro Brasil? Não aquele que a gente acha que conhece, mas aquele que a gente vivencia no dia a dia. Pois é, porque quando morava no Rio de Janeiro não tinha noção de que havia um mundo dentro do nosso país e que o Vasco está presente nele. E o que é mais emocionante (e que eu também constatei) é que, ao contrário do nosso rival (bem como o similar de São Paulo) que tem torcida da moda (tipo “Maria vai com as outras”), a nossa é consciente e escolheu o Vasco por suas tradições e por sua bela história. O torcedor do Vasco é cem por cento emocional e por amar suas tradições e acreditar nos fundamentos que o mantém vivo, é, também, muito leal e, por isso, sofre com as maldades a que é submetido.

Não somos os queridinhos da mídia, não somos os mais amados pelas federações e seus apêndices, nem somos muito considerados pelos próprios dirigentes, mas temos vontade própria e ela nos obriga a querer, sempre, o melhor para o Vasco.

Por isso, existe uma alternativa para o Vasco e ela passa pela união dos torcedores, independente de grupos políticos, torcidas organizadas e outras divisões, que só fazem diminuir nosso poder: reflitam e exerçam o direito de sentar na primeira fila dizendo a plenos pulmões: EU SOU TORCEDOR DO VASCO DA GAMA. EU SOU A RAZÃO DA EXISTÊNCIA DO CLUBE. EU SOU MAIS IMPORTANTE QUE QUALQUER DIRIGENTE, CARTOLA, JORNALISTA OU FIGURÃO. EU EXIJO RESPEITO, FORA E DENTRO DO CLUBE!

SAUDAÇÕES VASCAINAS !!!

(Voltaremos a falar sobre o poder do torcedor e sua importância na reforma do Estatuto)

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