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Como todos nós sabemos, o mundo praticamente parou, desde o surgimento da Covid-19, lá em setembro de 2019 e quando digo o 'mundo parou', não estou aqui usando de uma hipérbole ou algo do gênero, é visível, a pandemia atingiu tudo e todos, de atividades do dia a dia, até coisas mais complexas, como viagens de avião. A despeito de vermos o mundo em franco declínio econômico, social e político, há quem diga aqui, no Brasil, de que todos nós devemos ignorar o que acontece a nossa volta e continuar a vida. Ignorar talvez não seja a palavra, mas devemos ver alguns aspectos importantes sobre cada ponto atingido pelo vírus, um deles é o futebol, sobre o qual pretendo debater nessa pequena crônica.

Como já é sabido, a crise atingiu em cheio o Brasil, pessoas foram obrigadas a ficar em casa, espetáculos foram cancelados e aglomerações, em geral, proibidas, é aí que entra o futebol, as Federações estaduais de futebol e a Confederação Brasileira de Futebol em si. O futebol está parado por tempo indeterminado, algo que, demorou para acontecer e que gerou críticas por parte dos jogadores, os quais tendo família, acharam a continuação um risco contágio verdadeiro, além de uma insensibilidade por parte dos governantes. Então, a pergunta que fica é: e agora? A resposta não é simples, pois envolve uma série de variantes, entra elas uma vacina, a qual só vislumbra a aparecer entre os meses de março e setembro de 2021, ou mais até, visto que, historicamente, as coisas no Brasil chegam com um certo atraso, de meses, de anos e, alguns casos, de décadas.

Fontes jornalísticas, como a própria BBC, dizem que o Governo Americano, só conseguirá uma vacina entre 12 e 18 meses! O Governo Brasileiro parou quase todas as atividades, deixando de fora algumas, mas a pergunta persiste: e aí? como fica o futebol? Jogadores de clubes de grande, de médio e de pequeno investimento já estão sofrendo as consequências da pandemia, e a situação fica ainda mais grave nos clubes com alto grau de endividamento, pois raros são os clubes com sanidade fiscal, talvez dois ou quatro, o resto deve até as cuecas; obviamente, a pressão de patrocinadores nessa hora é imensa, pois muitos já pagaram para estampar as marcas nos estádios, camisas, letreiros, etc. e tal. Mas, e se eu dissesse que a quebradeira não para por aí?

E, se eu dissesse que a televisão aberta, o PPV e rede fechada não pagarão por todos os jogos e de que as casas de apostas ficarão no 'preju'? Como diz certo treinador, deve "estar lindo" ver a pressão dos patrocinadores, passando pelos clubes, pipocando nas federações e estourando no colinho da CBF, que delícia, cara! Claro, que isso é uma ironia, mas talvez essa pandemia sirva para o futebol brasileiro repensar um monte de coisas: desde o molde do campeonato (o enfadonho, e superlucrativo aos clubes e à televisão, 'pontos corridos'), um monte de clubes, gestão amadora dos clubes e o endividamento generalizado destes, indo até a própria ideia do calendário brasileiro/sul-americano em si, o qual, aliás, é muito desgastante para todos os jogadores e, repito, chato para um boné.

Até hoje, dia 31 de março, a propósito, a CBF não veio a público se pronunciar se vai ou não ter jogos neste turbulento ano de 2020, o qual, para mim, parece mais uma extensão do também turbulento e insólito ano de 2019. Isso é necessário, a Confederação Brasileira de futebol precisa dar o seu parecer sobre o que vai acontecer doravante, afinal, até a Olimpíada de 2020 foi remarcada para 2021, mas nada é certo que daqui até lá, a COVID-19 esteja 'dominada', muito pelo contrário, há um clima de suspense no ar e isso é preocupante.

Ok, a economia está de joelhos, apesar dos tímidos estímulos do Governo Bolsonaro de injetar 700 bi no país; não há perspectiva de quando uma cura chegará, praticamente tudo parado (exceto alguns serviços básicos), e aí? E agora? Senhoras e senhores, o que fazer para ajudar o futebol? O que fazer para não deixar o último resquício de alegria - o futebol - morrer? A resposta talvez esteja nas riquíssimas Federações de futebol do nosso país e na Própria milionária CBF cujos três últimos presidentes foram BANIDOS do futebol, um deles preso nos 'states'. A CBF sabe que não há luz, nem no mais remoto cenário, de quando o futebol voltará, sabe que o mata-mata, abominado por ela para o Brasileirão, pode ser a única saída, caso as coisas voltem ao normal em 2020 (lá por setembro ou outubro), mas ainda assim ela e as federações relutam em admitir isso, muito provavelmente por que estão esperando a situação degringolar mais à frente, o que é péssimo, cabe a elas falar e ter um plano de ação, algo 'para ontem'!

Veja como é gozado o negócio: cada jogo realizado pela FFERJ, por exemplo, um dinheirinho (o dízimo) relativo àquela partida é pago à federação pelos clubes, assim, hoje, ela ficou riquíssima, junto é, claro, com a CBF, que ganha dinheiro de igual maneira; agora que os clubes precisam de ajuda delas duas, adivinha o que elas fazem? NADA! Ehhhhh! Minhas amigas, meus amigos, nessa hora vale alguns ditados bem populares, um deles está encabeçando o meu texto acima: farinha pouca, meu pirão primeiro! Eu poderia citar outros: cada um por si, que é tempo de Murici ou ainda Que se dane o mundo, que eu não sou Raimundo, Meu nome é Ari, tô nem aí... É desse jeitinho mesmo. A desculpa é que esta e aquela só 'organizam' os campeonatos ou que são 'entidades privadas'... Lamentável, mas aí fica uma reflexão: se os clubes são os legítimos produtores do espetáculo e geram a renda, então não estaria na hora dos clubes tomar para si (nos moldes do finado clube dos 13 ou da Premier League) a organização do campeonato, premiações, etc e tal, comunicar a Conmebol e a Fifa e dar um chute na bunda da CBF? É só uma reflexão, pois parece muito a história do pescador, que tem todo o trabalho para pescar e ganhar uma ninharia, quando quem realmente lucra são os atravessadores, donos de peixaria e os restaurantes, fica a ideia, que, aliás, eu nem sei se alguém vai ler isso, mas enfim...

Agora, exemplos muitos bons têm vindo de certas pessoas e de certos clubes, como o do jogador Felipe Coutinho que mesmo morando na ALEMANHA, ajudou com cestas básicas a comunidade da Barreira do Vasco, repito, com muitas cestas básicas! Outro bom exemplo, puxando ainda mais a sardinha para o Vasco, já que sou um torcedor também, é o próprio presidente do clube ter se prontificado a ajudar como voluntário nessa crise horrorosa do Corona e ter posto o estádio de São Januário à disposição das autoridades públicas no que for necessário, essas coisas mostram por que o Vasco da Gama (nesse momento quase escorre uma lágrima dos meus olhos) é mais do que um mero clube de futebol, é mais do que títulos, mostra que não é modinha, fabricado pela imprensa suja e corrupta idólatra de um clubinho vermelho e preto; o Vasco é social, é história, é a raiz, é a base, o fundamento, isso chega a me arrepiar enquanto escrevo, cara, porque é real. Então a minha reflexão, neste texto, é a de que a CBF e as federações deveriam ajudar os clubes, funcionários destes e ser mais SOLIDÁRIA no enfrentamento dessa peste, pois, querendo ou não, nesta hora não tem clube A ou clube B, somos todos um só e devemos estar juntos para sair disso. Se fosse fazer um comparativo, eu diria que essa situação é quase igual a um cenário de guerra, é como tatear no escuro, pouco sabemos, mas não podemos nos abater nem ser mesquinhos. Estamos todos no mesmo barco, de braços dados ou não.

Não há clima para futebol, então por que não cancelar tudo em 2020 e só retomar ano que vem? Isso já aconteceu em outros momentos, a própria Copa do Mundo de 1942 e de 1946 não aconteceram, então por que esse silêncio/insistência das Federações Estaduais e da CBF? Acho que falta um pouco de sensibilidade e amor para com o próximo, e quando isso falta, o que sobra é uma sociedade mais embrutecida e tribal, talvez falte à FIFA a coragem de dizer aos países que não há condições para jogo algum, mas me parece que ela é um tanto quanto omissa e resiliente a isso. Vamos todos juntos passar por isso, quando sairmos disso, nós veremos melhor quem é quem, quem era o verdadeiro 'herói', o 'mito' e o 'vilão', por enquanto o sarrafo tá embaixo, quando nível de dificuldade chegar ao 'hardest', aí poderemos ver de forma límpida as coisas/pessoas/líderes/organizações, que hoje nos parecem tão translúcidos de tão mascarados que são. Fé e solidariedade a todos. Vamos sair dessa, juntos.

A Esperança não pode morrer! 

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