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José Delves do Carmo. José Delves do Carmo.

Já tinha alertado aqui sobre os últimos jogos do Vasco no Brasileirão, da visível falta de empenho dos jogadores, o que se devia principalmente ao estilo pessoal, digamos: grosseiro; no trato com eles por parte do candidato a treinador Milton Mendes.

Sim, candidato. Já tem o diploma, falta saber o mínimo da profissão que é esquema tático. Existem muitos, todos de fácil compreensão e acessível a qualquer aquele que saiba ao menos quem seja o campo, a bola, as traves, a bandeira de escanteio, e o potencial dos atletas que tem em mãos. O Senhor Milton, desses, só conhece o paletó. Já é um adianto. Luxa começou assim. Quem sabe?

Por isso, a gente até entende que não saiba distinguir um craque de um pereba qualquer. Deixa isso claro quando escala um time por "meritocracia," palavra bonita, que qualquer um entende seja colocar em campo os melhores do time. Quando não por essa, por o jogador ser "interessante, " palavra que não sai de sua boca e de Euriquinho. Não se sabe qual dos dois é o pai da criança, mas como esse julga que Escudero seja um desses, claro está que o filho do Chefão, apenas repete a expressão como papagaio.

Bem, mas nos pautemos pelo que entendemos ser um jogador meritocrático, ou seja: um craque. A não ser que algum esteja abaixo das condições físicas ideais, eles que têm a primazia de serem escalados. Mas mesmo assim, dependendo do jogo, preferível às vezes escalar um desses, mesmo em estado meia boca, que um inteiro que não rende metade.

Só que ele, MM, não é um qualquer. Bem, ao menos ele acha. E essa "meritocracia" em seu modo vesgo de ver as coisas, ele entende que seja estar em estado físico semelhante ao de Jean, Madson, ou ao cavalo do John Wayne. Correm uma barbaridade, se esfalfam, mas sempre cruzam a linha de chegada por fora. 

Por não correr "uma barbaridade," o grande meritocrático do time vascaíno, o interessante de verdade, Nenê, acabou mais das vezes relegado a segundo - e até terceiro, quarto - plano, pelo Senhor Paletó. E só não foi defenestrado da colina por esse, porque quando a coisa apertava para o lado do distinto, ele o sacava do banco, e esse lhe garantia o emprego por mais uns dias. Dias esses que até a criança que vibrou na arquibancada em Volta Redonda quando anunciaram seu nome, sabia estarem contados.

Então, na aposta paletó de veludo, ou Nenê fora, deu o inverso. Nenê dentro, e paletó rasgado. Dai foi o que se viu contra o Fluminense. Entusiasmo e garra de todos, e até lances de técnica e pura magia por parte de Nenê, como no lance de calcanhar que quase redundou em gol, foi de encher os olhos. Aliado ao esquema feijão com arroz armado por Bigode, que amarrou o adversário por 90 minutos mais acréscimos.

Com efeito: o time de Abel não andou, Scarpa, ótimo jogador, estava nítidamente babando feito cachorro louco, vendo Nenê protaganizando em campo, o que ele achava que seria ele. Entende-se: rapaz novo, com disposição para a correria, perder para um "velho" que joga andando, não é fácil mesmo. Mas aí que reside a diferença entre craques e "craques."

Os jogadores se conhecem, jogam juntos já a algum tempo, então não fica difícil encaixá-los e fazer com que rendam. Mas o Senhor "Interessante" queria que Nenê fosse ponteiro-esquerdo. Era para queimá-lo de vez, mas como craque joga em qualquer lugar, sempre tomava um cala boca. 

Então ficou provado mais uma vez, que deixá-lo fora, é crime inafiançável, passível de execução. Fosse no Oriente Médio, MM seria apedrejado em público. Como joga fácil! Sentado, parado, andando, correndo, faz da pelota sua escrava. Que interessa se com ele o jogo não flui rápido, se vive cavando faltas no meio, no ataque, no meio da beirada, na beirada do meio? Prende, mas depois solta. O que enseja sempre  perigo de gol. Se a gente tivesse um centroavante de ofício, de agora em diante esse se consagraria.

Não se está soltando fogos. Reconhece-se perfeitamente que o time é limitado. No entanto, pelo nível do elenco, pelos nomes médios, se iguala à maioria dos outros concorrentes, que também são todos japoneses. Com a diferença que não têm um craque chamado Nenê.

A gente tem esse, mas não tinha treinador. Valdir contra o Fluminense, mostrou isso claramente. 


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