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Nenhum vascaíno seguiu o campeonato de 2022 por amor à segunda divisão. Ainda mais sofrendo toda semana por 38 rodadas seguidas. Nenhum vascaíno se orgulhou de torcer para um time que foi montado para disputar a segunda divisão. Nenhum vascaíno acreditou que o time que terminou a disputa continuaria representando o Vasco em 2023. Ninguém, e muito menos o vascaíno, tinha certeza de nada, nem certeza do futuro e nem qual seria o Vasco do futuro. Não tinha certeza nem se o Vasco sobreviveria. Essa era a nossa realidade em 2022.

Nossa perspectiva era de desânimo, compatível com a realidade de mais de 20 anos de politicagem desenfreada praticada por aproveitadores que nos deram de bandeja um legado maldito, sem que os culpados fossem responsabilizados. Difícil ter esperança em um futuro melhor. E mesmo assim a torcida do Vasco carregou o time no colo.

Mas agora, depois de um acesso turbulento, de uma transformação em clube empresa turbulenta também, começamos uma nova era. Com pés no chão e com um dono que sabe que se não der certo, perderá muito dinheiro. E dinheiro dele, porque anteriormente as cagadas custavam o nosso dinheiro e nossos cabelos brancos.

Há mais de 20 anos abaixei a cabeça para os ditos sabichões de São Januário. Todos eles, seja por incompetência ou mau-caratismo, só afundaram o clube. E eu acreditando que o sistema associativo ainda era uma saída. Mas o que vi foram cagadas em cima de cagadas, algumas ridículas, outras sofisticadas, que só mantiveram no controle, no poder, na oposição, ou em cima do muro, a mesma elite asquerosa de sempre. Mas todos doidos para mamar nas tetas cruzmaltinas. E o grande prejudicado nisso tudo foi o verdadeiro torcedor e o sócio do Vasco que não se mete na política do clube e só quer ajudar com seu dinheirinho a instituição. Agora, com a aprovação do novo estatuto do Vasco, e a aprovação da Sociedade Anônima do Futebol, creio que há uma solução legal para espantar, pelo menos por enquanto, os políticos sugadores do Vasco.

Lembro para os jovens ou esquecidos, que nem sempre o Vasco foi um clube de futebol. As regatas foram sua principal atividade e a transição para o futebol não eliminou o remo, tanto que a inclusão do esporte da bola não foi suave e tranquila como se pensa. Houveram discussões e brigas, mas era início do século passado (e não haviam redes sociais...), e as coisas foram se acomodando. Agora, um século depois, com a chegada da SAF, o clube associativo ainda sobreviverá. E, quem sabe, os outros esportes que já fizeram do Vasco uma potência esportiva, possam voltar a orgulhar o associado e o torcedor do grande VASCO.

Com a implantação da SAF e o término do sofrimento do acesso para a série A, tenho esperança que o CT crescerá, todos os salários serão pagos em dia, a água e a luz não serão cortadas, as dívidas serão equacionadas e outra mazelas serão enfrentadas e superadas. Para mim, é tempo de se colocar no lugar dos investidores, colocar os pés no chão e acompanhar o planejamento de quem está colocando seu dinheiro no Vasco.

São investidores que querem lucro com o futebol, obtido através de boa organização interna, boa estrutura, bons resultados e boas premiações, desenvolvimento de bons atletas de base, venda de jogadores, bons patrocinadores. Ou seja, alcançando os resultados que o Vasco antigo não conseguia obter por incompetência. Consequentemente, por não conseguir alcançar seus propósitos, se endividava e com a dificuldade de gerar mais receitas para pagar suas contas e amortizar suas dívidas, se afundava ainda mais e quanto mais se afundava menos confiável se tornava para investidores e patrocinadores. Esse círculo vicioso seria o fim do clube. Só faltava adivinhar a data em que se transformaria num clube de várzea.

O Vasco SAF, ao contrário, tem um planejamento a médio e longo prazo e as coisas vão acontecer nas datas programadas ou delimitadas. Nada vai acontecer no dia e na hora que o torcedor quiser e quem não aceitar isso, pode começar a torcer por um time do velho esquema. O futebol do Vasco agora tem um sócio majoritário e sua participação lhe concede um peso enorme, correspondente aos 70 por cento de sua participação legal no negócio o que lhe dará direito de influir generosamente na gerência do negócio. E por que devo acreditar nele? Ora, porque ninguém coloca milhões (ou bilhões) num negócio para perder. Principalmente se esse investidor representa um empreendimento com inúmeros participantes, como a 777 possui.

Precisamos nos acostumar com negócios organizados, gerenciados profissionalmente por pessoas pagas para fazer as coisas dar certo, dando satisfação aos donos, investidores e aos torcedores. Ao torcedor a 777 deve ofertar boa organização, planejamento, bom time e títulos, nesta ordem e nas datas programadas. Desta forma pode exigir do torcedor lealdade, participação nas bilheterias, nos planos de sócio torcedor, na aquisição de produtos vinculados, etc.. Aos investidores e sócios do investimento deve caber o lucro e dividendos.

Americanos não estão (e nem devem estar)  acostumados à nossa forma de gerir as coisas, principalmente clubes de futebol. Sabemos que grandes empresas brasileiras têm históricos recentes de envolvimento em escândalos e não são exemplos virtuosos de gestão, imaginem, então, clubes de futebol, que sempre estiveram nas mãos de verdadeiros crápulas.

Uma outra opinião, enquanto ainda é possível: precisamos ver o novo Vasco com outros olhos. Vamos jogar os velhos óculos fora. Vamos deixar os caras trabalhar. No momento temos que analisar o que está sendo feito em termos de organização e estrutura. Como eram as condições de trabalho para os atletas e para os trabalhadores administrativos antes da SAF e como são agora? Financeiramente o Vasco SAF está equilibrado? As contas estão sendo pagas? Os salários estão em dia? Os compromissos, os contratos, estão sendo cumpridos? O departamento de futebol está seguindo seu cronograma de trabalho? Como está o marketing? E o jurídico? E o financeiro? Olhem o antes e o agora.

Sei que muita gente no Vasco está sofrendo de uma doença conhecida como abstinência. Os cartolas, por exemplo, sofrem de abstinência popular, doença que quando eles conseguem combater e controlar até rende votos. A imprensa sofre de abstinência noticiosa, que causa secura na garganta, seca as canetas e elimina as laudas na redação e é também conhecida como “falta do que falar”. O torcedor de verdade sofre de ansiedade pela falta de informação e alguns sofrem com a saudade das promessas de dirigentes. O torcedor de cartola (aquele que nem sabe porque torce para o time mas adora um dirigente bravateiro) sofre de abstinência angustiosa, diagnosticada quando é pego sozinho na frente do espelho se perguntando: “onde está meu cartola preferido?”.

Infelizmente, para os casos mais adiantados da doença, o prognóstico não é bom e a cura é difícil. Para os demais, a cura é uma só: aprenda como conviver com essa nova realidade. Especificamente para a imprensa (aquela verdadeira e imparcial – cada vez mais difícil) recomendo que tenha paciência e aprenda a se comportar neste novo universo do futebol empresa, onde cada vez menos amigos vazadores de informação subsistirão. Quanto ao cartola e seus torcedores puxa-sacos, quero que se explodam.

Tem gente caindo de pau em cima dos caras sendo que nem começou uma competição, ainda. Porra, tem uma parte dessa torcida do Vasco que é chata pra caramba!

Que a SAF dê certo para o Vasco porque tudo que já se tentou não funcionou. Tomara que as moscas encontrem outros pratos de bosta para chafurdar. E isso também serve para os youtubers e jornalistas puxa sacos de políticos vascaínos. E para os torcedores pentelhos, recomendo psicólogos.

Saudações Vascaínas, eternas!

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