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No Vasco da Gama, uma coisa é incontestável: as vaidades superam o amor ao Clube. Nada é mais verdadeiro do que a atração que o Vasco exerce sobre as pessoas que desejam aparecer no cenário público. O Vasco paga o preço de sua história centenária, coerente,  democrática, criativa, independente e ímpar. Sua imagem singular, única, diferente e original atrai, além de um torcedor exclusivo, raro e incomparável, um grupo determinado de indivíduos que, travestidos de ardorosos amantes do clube, possuem anseios não muito claros sobre seus verdadeiros objetivos.

Esses dirigentes, assessores, colaboradores, etc., aderem ao clube como as cracas aos cascos dos navios. No Vasco, infelizmente, essas cracas são tão numerosas que a pobre Nau do Almirante mal se sustenta sobre as águas. O sofrimento ainda aumenta quando as tormentas se sucedem, umas após as outras. Surpreendo-me ao constatar quão vigorosa é a barca cruzmaltina. São décadas de destruição, estragos após estragos, devastação após devastação e, pasmem, ainda estamos vivos. Mas uma coisa é inegável: estamos cansados.

Gerações após gerações, sofremos os maus tratos causados por dirigentes incompetentes, autoritários, despóticos, dominadores, ditatoriais e, acima de tudo,  desonestos. Mais que ladrões de dinheiro, ladrões de uma paixão. Roubam sonhos dos verdadeiros torcedores, que só almejam seguir com ardor seu clube do coração. São verdadeiros usurpadores de uma visão que se transforma, lenta e inexoravelmente em uma ficção, utopia, fantasia do que outrora foi o Gigante da Colina.

Dirigentes, conselheiros, anciãos que não se deram conta de que as novas gerações não possuem a paciência dos torcedores de outrora. O mundo atual tem pressa. As pessoas não perdoam como perdoavam os antigos. Aqueles que levaram o Vasco à situação atual, vivem, ainda, num mundo em que tudo se desculpava. Hoje, o divórcio vem antes do perdão. Por isso, temo pelo futuro do Vasco.

AS ARTIMANHAS DE OUTRORA E AS TRAIÇÕES DE HOJE

Desde que o sistema monárquico se instalou no Vasco (lá se vão décadas) o Estatuto do clube admitia a possibilidade de que uma chapa eleita nas urnas, dependia de uma confirmação do Conselho Deliberativo para ser empossada legitimamente. Um procedimento estranho que a moral de antigamente não permitia ser arranhada por uma decisão diferente do que a confirmação do desejo dos sócios votantes. Agora, até esse preceito moral (tal qual uma lei não escrita) caiu por terra.

Temos um presidente que traiu o acordo desejado pela grande maioria dos sócios e torcedores e se aliou ao principal adversário para derrubar o (“até ontem”) companheiro de chapa. Inacreditável e inexplicável!

Demorei algum tempo para assimilar o ocorrido. Assimilar, não entender. Penso ser impossível entender o inexplicável. Talvez seja o momento de esquecer o motivo do ocorrido e nos concentrarmos em prever o que vem pela frente.

No meu entender, a quebra do acordo entre as chapas unidas contra o candidato à reeleição, às vésperas da reunião do Conselho (19 de janeiro de 2018), conduziu à derrota imoral do vencedor nas urnas, com consequências catastróficas para o clube.

A necessidade do candidato da (até então) oposição a vice-presidente (Campello) de se associar ao (até então adversário) Eurico Miranda, com apoio do grupo “Identidade Vasco” de Roberto Monteiro, para arrebatar a presidência do clube, foi um motim tríplice que possui todos os ingredientes de um conflito capaz de provocar uma revolta popular. E quando falo em revolta popular, falo, exatamente, no que aconteceu nas arquibancadas de São Januário, no dia 2 de maio de 2018, quando o Vasco foi derrotado por 4 a 0 para o Cruzeiro. Consequência dos momentos de insegurança pela qual passa a administração do clube, principalmente seu isolado presidente.

Agora vemos os desdobramentos dos acontecimentos, com invasão de treino na sexta-feira (4 de maio), com o afastamento de diretores apoiados pelo  “Identidade Vasco” de Roberto Monteiro  e o isolamento do grupo de Eurico Miranda (colocado de encontro à parede pelo resultado do último Balanço, investigação do famoso HD e ameaça de auditoria).

O presidente fala em seguir em frente na tentativa de tornar as coisas mais claras na administração do clube. Se não quiser assumir a posição de seu antecessor como “Rei da Bravata”, que transforme o discurso em ação. E que tenha coragem, pois tornar públicas as coisas ocultas no Vasco,  talvez soe como ameaça para os mais recentes apoiadores (e quiçá futuros inimigos) que o levaram à presidência do Vasco.

É cansativo tentar entender a política do Vasco e seus implicados.

Acompanhemos os próximos capítulos...

Ah, que saudade dos anos 50, 60 e 70! Conquistas e respeito do tamanho do clube, obtidos com vitórias, ações exitosas e grandeza condizente com o nome da instituição. Nada de bravatas, mentiras e tramoias.

Saudações Vascaínas!

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