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Agradeço o fato de ter sido apresentado ao Vasco por meu avô, que me transmitiu o amor que sentia pelo clube de melhor e mais linda história de todos.

Sou carioca e morei parte da minha vida no Rio de Janeiro. Graças ao meu pai, conheci quase todo o Brasil e testemunhei que o Vasco tem uma grande torcida espalhada por aí. E ao contrário da torcida de outros clubes, grande parte da nossa optou pela cruzdemalta porque se identificou com o passado de lutas e de superação do Vasco.

Na primeira metade do século passado, quando o Vasco resolveu praticar o futebol, tivemos vários exemplos em que nosso torcedor demonstrou o orgulho que possuía de suas origens e que nunca se deixaria abater pelas tentativas de provocação da aristocracia da época.

Mas parece que antes do término do século XX, nosso amor próprio foi, aos poucos, sendo minado pelas más  administrações e os títulos, tão comuns  no passado, passaram a ficar cada vez mais escassos. Hoje, a torcida do Vasco é um misto de sentimentos conflitantes que acaba jogando grupos e pessoas uns contra os outras.

Vejam o exemplo das discussões sobre os jogos fora de casa. Reclamam, principalmente a torcida do Rio, que o Vasco não deveria jogar fora do Rio, esquecendo-se que por causa do pioneirismo em defender causas sociais o Vasco se transformou num gigante nacional.

Eu reconheço que somos fortes na nossa casa, mas não podemos viver de vitórias conseguidas através de jogos com torcida única ou contra times piores que o nosso.

Eu pergunto: será que com um time fraco seríamos capazes de encher, sempre, os estádios (SJ, Maracanã ou Engenhão)? E até quando a torcida terá ânimo para apoiar um time que luta para não cair? E, principalmente, até quando aceitará apoiar um time que começa os campeonatos sem expectativas maiores?

E isso acontece ano após ano, fruto de más administrações e, consequentemente, maus times de futebol, maus resultados e péssimas colocações.

Eu sou de uma época em que o Vasco, quando não ganhava, ameaçava ganhar... Entravamos nas disputas como protagonista e candidato a títulos. Se os jovens não sabem disso ou não se lembram, não têm o direito de ser indelicados com a massa vascaína, espalhada de norte a sul do país.

Façamos um exercício simples de matemática: Segundo o IBGE, o Estado do Rio de Janeiro é o terceiro estado mais populoso do Brasil, atrás de São Paulo e Minas Gerais e concentra cerca de 8 porcento da população do Brasil, cerca de 17,2 milhões de habitantes. Segundo uma pesquisa antiga do conceituado Instituto de pesquisa GPP, o Vasco tinha 15,7 por cento dos torcedores do Estado do Rio de Janeiro. Considerando todo mundo, homens, mulheres, crianças e até os que não gostam de futebol, a torcida do Vasco seria de, no máximo, 2,7 milhões de pessoas. Olhando o Brasil inteiro e com base em uma pesquisa feita pelo Lance em 2017, que dizia que o Vasco tinha a quinta maior torcida, atrás do Flamengo, Corinthians, São Paulo e Palmeiras, com 7,2 milhões de torcedores,  eu pergunto: onde estão os 4,5 milhões de torcedores que não são do Estado do Rio? Mesmo que esses dados possam ser aproximados e possam ser contestados em parte, você acha que estamos muito longe dessa realidade?

O resultado de décadas de desmandos, que dificultam a conquista de títulos, vem minando nossa capacidade de atrair novos torcedores. Uma criança prefere torcer para um time perdedor ou para um time vencedor? É assim que vamos perdendo nosso espaço na preferência dos torcedores.

Clubes como o Flamengo e o Corinthians possuem apelo popular mas São Paulo e Palmeiras vêm crescendo graças às vitórias e títulos conquistados. Outros clubes, tradicionalmente regionais vem perseguindo o Vasco, graças a administrações modernas e sérias e, se não possuem apelo nacional, tem nos seus bem estruturados programas de sócio uma fonte de renda firme e constante.

Se além da balburdia que campeia há décadas no Vasco, ainda vamos colocar desculpas em derrotas fora de casa, vamos acabar perdendo a grande torcida que temos espalhada pelo Brasil. Colocar a culpa no último jogo em Brasília contra o rival é uma burrice sem tamanho, ou alguém acredita que o torcedor de Brasília é otário? Ele assiste, ao vivo, poucos jogos do Vasco e ainda se espera que compareça em massa, sabendo que o time é ruim? E contra um adversário que ele sabe que possui uma grande torcida, tem melhores jogadores e está lutando pela ponta da tabela? É exigir demais. Coloquem times da altura do Vasco, em qualquer lugar do Brasil, e nossa torcida encherá estádios.

No Rio, por causa da violência, o Vasco pode jogar em São Januário sem torcida adversária ou, no máximo, com 5 a 10 porcento de torcedores contrários, e claro que isso aumenta suas chances. Repito, eu sou do tempo em que o Vasco não precisava desses artifícios para se manter nas primeiras colocações e, muito menos, na primeira divisão.

Eu sou do Rio mas, graças a Deus (e a São Januário), aprendi a amar todo o Brasil e reconhecer que há uma imensa torcida do Vasco espalhada por todos os cantos deste país e que precisa estar unida.

Outra coisa em que precisamos pensar é que só o sócio pode mudar essa situação. Por isso eu me pergunto por que o clube tem tão poucos sócios no Rio de Janeiro? E continuo: por que o Vasco dificulta o ingresso de sócios do resto do Brasil? Na era da comunicações e da informática não é admissível que o Vasco despreze instrumentos modernos para captar sócios.

Filosofia ultrapassada como obrigar que um sócio ativo seja responsável pela indicação de um novo candidato a sócio é a mesma coisa que exigir que um antigo correntista de um banco indique novos clientes. Isto se faz através do conceito e da atuação da instituição. O Vasco demonstra uma total falta de confiança nas pessoas e em seus próprios mecanismos de controle. Até parece que tem gente se aproveitando dessa situação para apequenar o Vasco.

Com muito atraso, agora vem o sr. Roberto Monteiro, presidente do Conselho Deliberativo propor mudanças no Estatuto do Vasco da Gama para que as eleições sejam diretas. E eu acrescento que isso só não basta, têm que ser diretas e honestas, dentro de um ambiente totalmente democrático. E, lembremo-nos que não é suficiente repensar o Estatuto, todos os instrumentos normativos internos precisam ser discutidos.

Será que essas conversas chegarão a bom termo? Se houver mudanças substanciais no Estatuto do Vasco, especificamente quanto ao sistema de eleições, elas serão implementadas de imediato? As próximas eleições ocorrerão no final do próximo ano. Se aprovadas, as mudanças já valerão para a próxima eleição ou teremos que esperar mais três ou quatro anos para que a vontade popular seja respeitada?

O trabalho de soerguimento financeiro e moral é enorme e ele só terá sucesso com muito trabalho honesto e não com tramoias e golpes.

Acompanhe-me e ajude-nos a crescer, também, no meu "despretensioso" mas incisivo e honesto canal no YouTube: https://www.youtube.com/channel/UCYS6wIBL3OA07iLaKpF0ldw/videos

 

Saudações vascaínas!

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