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Porque eu não acredito em Vasco empresa, muito menos em Vasco pacificado ou sereno, mas acredito na esperança, aquela que nunca morre.
Assim como não acredito em um país cuja educação formal é relegada a plano secundário.
Não somos um país de origem nórdica, britânica, francesa, norte americana ou de influência espanhola com pitadas de cultura asteca ou inca (foi minúscula a contribuição dos nossos índios para a formação étnica e cultural, se comparados aos demais habitantes do continente).
O brasileiro é uma mistura de raças, etnias e linhagens diversas que convivem em sintonia porque a maioria herdou um caráter contemplativo e apaziguador. O português foi um desbravador, um viajante, um curioso, que usava os recursos naturais obtidos em suas conquistas para pagar o custo de suas investidas, sustentar a corte e sobreviver. Usou a escravidão, de origem africana ou silvícola, para obter mão de obra barata (para não falar gratuita) e abusou de recursos pouco éticos para atrair interessados em se aventurar em terras desconhecidas.
Não podemos negar que somos uma amálgama de tudo de bom e ruim que os portugueses atraíram para o “novo mundo”. Por sorte (ou não...), esta combinação resultou em um povo pacífico, pouco letrado e extremamente indiferente.
O infortúnio está na formação de grupos de indivíduos violentos e brigões (talvez os últimos descendentes dos maus caráteres trazidos ou atraídos para cá...), a confirmar que num país muito desigual, onde não há regras claras a exceção impera.
Tanto somos mais contemplativos do que violentos que nos chocamos com atos de crueldade e recuamos quando nos sentimos ameaçados.
Grande parte dos brasileiros é incisivo da boca para fora e apático na hora de tomar uma decisão radical.
Para transformar um Clube associativo em empresa é preciso acreditar na sua história e sua administração. Confiança é primordial e quando um clube não transmite segurança é difícil exigir que alguém acredite e Invista nele.
No caso do Vasco a bela história de luta por justiça e igualdade não atrai patrocinadores, porque as últimas administrações não conseguiram montar um portfólio capaz de chamar a atenção de empresas interessadas em incorporar suas marcas ao nosso glorioso nome (muito pelo contrário: más administrações ocultaram parte de sua linda memória).
O tumultuado ambiente interno, onde situação e oposição não se entendem (mais preocupadas com seus umbigos do que com o futuro do Clube), assim como a insípida transparência (melhor agora do que antes), mas ainda pálida e incipiente, repele investimentos, mesmo porque a economia ainda não revelou o vigor esperado.
Quando os interesses pessoais falam mais alto e contradizem os princípios que orientam o funcionamento de uma instituição, os investidores manter-se-ão afastados. Aqueles que se associam ao clube, procuram vantagens pecuniárias extremamente benéficas, onde a balança pende leoninamente a seu favor, como ocorre com os atuais contratos de material esportivo e de transmissão televisiva, entre outros.
Neste caso as relações de patrocínio são, sempre, casuais e temporárias, seja porque o investidor não possui cabedal financeiro para sustentar um contrato mais longo, seja porque o patrocinador não se sente seguro em manter uma relação mais longa com uma instituição instável.
Na verdade, salvo exceções, ninguém gosta de adotar um filho problemático, a não ser que o use para finalidades muito específicas, financeiramente vantajosas ou, até, irregulares. Infelizmente o Clube de Regatas Vasco da Gama seria, hoje, um estudante que frequenta, com habitualidade, a sala da diretora. Se de graça ninguém quer ter aborrecimentos imagina pagar por eles
No Palmeiras, o investimento deu certo porque o ambiente interno foi pacificado, unindo os interesses das partes. A empresa que coloca dinheiro no clube é dirigida por uma pessoa que, além de possuir muitos recursos financeiros, torce apaixonadamente pela instituição. Porém, isto não foi suficiente para ingressar de olhos fechados numa aventura, pois por se tratar do nebuloso futebol brasileiro, outro tipo de comprometimento era necessário. Primeiramente a empresa (leia-se “a dona”) cercou-se de garantias e segurança, de tal forma que, atualmente, possui as rédeas do clube e não nega o interesse em administrá-lo, brevemente.
No caso do Vasco, enquanto houver conflito interno não pacificado é muito difícil conseguir um sócio capitalista que, além de torcedor, enxergue a possibilidade de retorno do investimento.
As várias correntes políticas do clube ao invés de guardar para a época das eleições, época em que os embates filosóficos, projetos e propostas são aceitos, preferem trocar farpas diariamente. A administração do clube passa grande parte do tempo se defendendo de acusações, combatendo moinhos de vento, gerando reações extemporâneas e duvidosas, ao invés de avançar a passos retilíneos e firmes para um futuro mais promissor.
Assim sendo, com tantas forças, cada uma puxando para um lado, nenhum investidor, seja ele torcedor ou não, se sente confiante em ajudar a instituição.
Sem um plano de médio e de longo prazo, consistente e confiável, baseado no que é melhor para o clube, ninguém, em sã consciência, terá coragem suficiente para depositar seus recursos em nossa instituição.
Sofremos e ainda sofreremos durante um bom tempo, até que um milagre nos una a todos em torno de um projeto que priorize o que é melhor para o clube, contrariamente a grupos que só pensam nos seus interesses políticos pessoais, por vezes escusos. A intervenção divina pode vir com sua associação como sócio Geral votante, para que ela possa ocorrer, já na eleição de 2020.
Só com amor à instituição e por respeito a seus fundadores e sua proposta única, conseguiremos expulsar os políticos sanguessugas e seus bajuladores.
A torcida merece a alegria de títulos e isso só virá com uma boa limpeza.
Lá no início disse que a esperança nunca morre... e VOCÊ é a salvação!
Saudações Vascainas!