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Tenho lido alguns comentários feitos por torcedores/sócios vascaínos, defendendo a gestão do atual presidente e seus diretores, onde devemos incluir seu filho Euriquinho.
Parece que falam de outros dirigentes, de outra realidade, de um outro clube, ou talvez de um mundo paralelo a este.
Neste 2016, um ano para ser esquecido, ano de inúmeros vexames, com nosso time perdendo para as piores equipes da série B, ano em que fomos colocados na vergonhosa situação de correr o risco de não subirmos à série A, na pior campanha de um time grande nesta série. Julga-se a gestão de qualquer dirigente, de qualquer organização, comparando-se as realizações às metas, os objetivos planejados para o exercício.
Há mais de 16 anos (após o ano 2000), o Vasco vem sofrendo um processo claro de decadência, praticamente sem disputar o título de nenhum dos campeonatos nacionais, exceto o de 2013; com o acúmulo progressivo de suas dívidas; com a redução constante de suas receitas sociais, de bilheteria, de publicidade, de televisão; e com a diminuição de sua torcida pelo país inteiro.
Como esses são dados reais, sobre os quais não se pode contestar, torna-se óbvia a conclusão de que a gestão de nosso clube havia sido ineficiente, sendo urgente a mudança para a reversão deste quadro negativo, de deterioração geral.
Não foi sem motivo, e na esperança de que um novo grupo pudesse dar ao Vasco uma gestão mais profissional, transparente, que as eleições de 2011, tiraram do poder o velho ditador, colocando em seu lugar o ídolo dos gramados, Roberto Dinamite.
Era a esperança de uma nova era, que devolveria ao Vasco a posição de protagonista, que sempre lhe coube na história do futebol brasileiro.
Nosso craque, que catalisava, assim, toda a insatisfação de nossa torcida e de nosso quadro social, viria a se mostrar um inepto, totalmente desprovido de capacidade administrativa, para ocupar a função de presidente de um clube em crise. Além de piorar a situação financeira, provocaria a ressurreição daquele que foi o principal responsável pela decadência de nosso clube.
Resultado, retira-se o velho ditador da UTI, e passa-se a acreditar que ele seria a solução para a retomada do respeito, esquecendo-se que era ele o comandante que levou nossa nau por águas rasas, lançando-a às pedras e fazendo água por todos os lados.
Esqueçamos por um pouco esse fato, e perguntamos: quais seriam os objetivos a serem estabelecidos para o Vasco em 2016?
O primeiro seria de dar ao clube uma gestão moderna, eficiente, com o estabelecimento de um plano diretor, que norteasse as ações, com metas de curto, médio e longo prazo, com o objetivo de promover o saneamento e crescimento da instituição.
E quais seriam as metas para 2016?
A base de todas as receitas está no departamento de futebol, tendo sempre uma relação direta com o desempenho do time de futebol profissional. Também é claro, que só a geração de novas e maiores receitas, pode dar ao clube condições para sanear suas dívidas, contratar bons jogadores, investir em seu patrimônio, ganhar títulos, e atrair novos torcedores, criando-se um ciclo virtuoso. Uma das metas para 2016 teria que ser a de se constituir um time que pudesse atingir dois objetivos: conquistar o campeonato da série B. Outra seria a de formar a base da equipe, sobre a qual se montaria o time para 2017, com a qualidade para manter-se na série A, sem os riscos de um novo rebaixamento.
A terceira, por sua potencialidade imediata, seria a de relançar o programa de sócios torcedores, maximizando esta receita e todas aquelas relacionadas a imagem do Vasco.
O que conseguimos em 2016?
O campeonato da série B, no início, uma obrigação na palavra dos próprios dirigentes do Vasco, se tornaria irrelevante ao seu final, e o time que deveria ter sido formado e servir de base a uma equipe confiável para 2017, era velho demais e teria que ser totalmente reformulado.
Levamos um ano para perceber isso? Não. Não se planejou, os atletas da base não foram aproveitados, não fizemos contratações de jovens promessas que pudessem ser aproveitadas em 2017, e, pensando-se em uma falsa segurança, mantivemos no time um número enorme de velhos jogadores, todos eles já rejeitados pelos grandes times da série A.
Acima dos 30 tínhamos o Rodrigo, Júlio Cesar, Júlio dos Santos, Diguinho, Marcelo Matos, Andrezinho, Nenê, Éder Luiz, Jorge Henrique e Leandrão. Um longo campeonato é incompatível com tamanha quantidade de veteranos jogadores e o tempo nos mostrou isso claramente, mas técnico e dirigentes não quiseram enxergar.
É bom ressaltar que nossa folha salarial era, disparada, a maior entre a dos clubes que disputaram a série B, o que prova que não foi a restrição financeira a responsável pela vexatória campanha do time do Vasco, mas sim a incompetência dos seus dirigentes.
No futebol só tivemos um ponto positivo, que foi a revelação do Douglas.
A imagem que deixa nosso time em 2016 é de que fomos um time de velhos, cansados, que só na ultima rodada conseguiu a classificação, por pouco não escapando da série B.
O respeito no nível nacional foi ridicularizado e perdemos para quase todos os pequenos , em jogos de padrão de qualidade indignos de nossa história e torcida. O programa que é de sócio torcedor, mas não torna ninguém sócio , alimentou-se do campeonato carioca e da série invicta, mas estancou à proporção que o time profissional regularmente decepcionava nossa torcida. O número de sócios é ridículo em comparação aos dos demais grandes clubes, especialmente quando se leva em conta, que ainda temos a quinta torcida do Brasil (lembrem-se que já fomos a segunda maior).
Com relação ao saneamento das dívidas os números demonstrados pela diretoria atual, mostram um volume expressivo, mas é importante a apresentação do fluxo de caixa do ano de 2016, com a discriminação de todas as receitas e despesas operacionais, e os pagamentos de dívidas e outros investimentos. Será um ponto positivo, ter-se estancado o crescimento da dívida, mas o balanço de 2016 precisa ser apresentado, comprovando que o montante realmente pago.
Tudo isso, nos faz ter a certeza de que não é eficiente a gestão do Vasco, que ela não tem mostrado a capacidade de promover as transformações que garantam ao nosso clube a retomada de sua posição de destaque no futebol brasileiro. As grandes mudanças esperadas, aquelas com o poder de dar solidez ao clube, não foram implantadas e, sequer, planejadas. Portanto, a continuidade do atual modelo de gestão, com a imagem de nosso presidente atrelada ao autoritarismo, à centralização ditatorial, à não transparência, a falta de confiança, e a tudo que há de mais retrógrado, jamais terá a capacidade para levar o Vasco de volta à sua posição histórica.
O ano de 2017 nos reserva assim, um ano de falsas promessas, de poucas importantes mudanças de rumo, o que não nos deixe esperança concreta alguma, que nele estaremos trilhando um novo caminho, o caminho das vitórias, das conquistas e do respeito perdido, a não ser que Papai Noel revoltado com a falsa promessa feita em seu nome, nos dê o seu presente, na forma de um raio certeiro, que queime definitivamente.